Saiba como quitar um financiamento com consórcio

Muita gente não sabe, mas quitar financiamento com consórcio é uma prática prevista por lei (Nº 11.795/2008, Art. 22) e que oferece diversas vantagens aos requisitantes. Por não realizar a cobrança de juros, essa opção ajuda a reduzir os custos de pagamento e pode até mesmo contribuir para a estabilidade da sua vida financeira.

Antes de tomar qualquer decisão, é necessário ter atenção e adotar uma série de cuidados, pois existem diversas regras que devem ser seguidas para que o processo aconteça de forma segura e sem imprevistos.

Quer saber mais sobre o assunto e entender quais são os procedimentos necessários para quitar um financiamento com consórcio? Basta acompanhar este artigo até o fim!

Quais são as diferenças entre financiamento e consórcio?

Nem sempre é fácil entender quais são as diferenças entre essas duas modalidades, por isso, muita gente acaba se perdendo na hora de pesquisar sobre a troca da dívida. Para que isso não aconteça com você, separamos as principais particularidades desses serviços. Confira!

Financiamento

Uma das opções mais comuns no Brasil ao comprar bens de consumo durável como imóveis e veículos, o financiamento é feito por meio da obtenção de crédito com instituições financeiras. Ele acaba funcionando como um empréstimo: você adquire um bem e o pagamento é feito de forma parcelada.

O grande atrativo de fazer essa escolha é a possibilidade de obter um item imediatamente após a assinatura do contrato de compra, mas isso pode trazer diversas desvantagens. Uma delas é a cobrança alta de juros mensais e os prazos extensos de pagamento.

Esses dois fatores fazem com que as pessoas assumam dívidas muito longas, cujos valores finais acabam sendo muito maiores do que o necessário para comprar algo parecido à vista.

Além disso, outras taxas podem ser cobradas e corre-se o risco de ter o Custo Efetivo Total (CET) dobrado ao final do pagamento. Um veículo financiado no valor de R$ 26.400, com juros de 11% ao ano, custará R$ 46.870 ao final do pagamento, o que representa 80% a mais do valor do bem.

Mesmo com todos esses contras, muitas pessoas ainda preferem realizar o financiamento e garantir o uso imediato dos itens comprados, mesmo que venham a pagar mais caro por isso.

Consórcio

Ao contrário do financiamento, o consórcio é uma compra programada, coordenada por uma administradora especializada, em que você precisa aguardar a contemplação para ter direito à sua carta de crédito.

Obtida por meio de sorteio ou lance, a carta é um título que corresponde ao valor da cota contratada e que permite comprar o bem como se fosse à vista. Por exemplo: se sua carta de crédito é de R$ 80 mil, você tem esse total para adquirir o bem que deseja.

Para isso, é necessário formar um grupo de pessoas que estejam interessadas em comprar um mesmo item aos poucos e sem pressa (a administradora é a responsável pela formação dos grupos).

Além de não contar com a aplicação de juros, outra vantagem do consórcio é a possibilidade de adquirir o bem que o consorciado desejar, já que é possível comprar algo com valor superior ao da carta de crédito — basta complementar o montante. A restrição se aplica ao tipo do consórcio contratado. Se for de veículos, por exemplo, não é possível optar por um imóvel, e vice-versa.

Essa modalidade também não exige valor de entrada, sendo preciso pagar apenas uma taxa de administração — que é bem menor do que os juros do financiamento. Isso torna o preço final do bem muito mais baixo em comparação ao financiamento, mas é importante ressaltar que a administradora pode exigir outros encargos, como fundo de reserva e seguro.

Se pegarmos o exemplo anterior, um veículo de R$ 26.400 comprado por consórcio terá o valor final de pagamento de R$ 31.891— considerando uma taxa de administração de 0,77% ao mês. Isso significa que o valor total será 20% mais alto.

Ao optar pelo consórcio, você efetivamente paga um preço mais razoável devido à inexistência dos juros, o que não ocorre no financiamento. Fica evidente, então, que a troca de dívida é vantajosa.

O que diz a lei sobre quitar financiamento com consórcio?

Criada pelo Banco Central, a Lei do Consórcio prevê que uma pessoa que tenha uma carta de crédito contemplada em seu nome possa usá-la para quitar o contrato de financiamento, desde que o contrato também esteja em seu nome.

Como abordamos anteriormente, essa prática só é permitida desde que a categoria do bem seja respeitada. Você não pode, por exemplo, quitar o financiamento de um veículo com a carta de crédito de um consórcio de imóveis.

A lei também determina que o saldo devedor do financiamento precisa ser menor ou igual ao valor da carta para que a dívida seja quitada. Se o valor da carta de crédito é menor que o seu saldo, você não pode usá-la para o financiamento, pois a quitação integral não será possível.

Quem pode fazer a troca da dívida?

Mesmo que a lei permita que o consórcio seja usado para pagar um financiamento, você ainda deve respeitar uma série de requisitos para conseguir trocar a modalidade de pagamento da sua dívida. Veja quais são eles:

  • os contratos de financiamento e do grupo de consórcio devem ter sido feitos após 2009, ano em que a Lei do Consórcio entrou em vigor;
  • assim como falamos mais acima, a carta de crédito só pode ser usada para quitar um financiamento com saldo igual ou menor, caso contrário, a operação não pode ser realizada;
  • o uso da carta de crédito para quitar o financiamento só é possível se essa informação estiver prevista no contrato — alguns bancos exigem que o consórcio seja feito na própria instituição, o que pode limitar suas opções, então, atente-se ao que é informado no contrato;
  • tanto a administradora do consórcio quanto a instituição financeira na qual o financiamento foi feito precisam estar de acordo com a troca da dívida — não se esqueça de negociar com a instituição as condições para quitação.

Providencie os documentos pessoais necessários para a operação e faça o pagamento de todas as despesas, que incluem taxas de cartório e impostos da transação.

Como quitar um financiamento com consórcio?

Depois de receber a permissão da instituição financeira para seguir com a troca da dívida, alguns requisitos precisam ser cumpridos atentamente para que toda a operação seja realizada de forma tranquila e sem imprevistos.

Dois desses requisitos, que já falamos anteriormente, são essenciais: o preço da carta de crédito precisa ser suficiente para pagar a dívida e você deve esperar a contemplação para realizar essa ação. Para entender melhor como isso funciona, veja um passo a passo a seguir.

Faça a contratação do consórcio

Como estamos falando de uma transação que envolve uma grande soma de dinheiro, é muito importante verificar com atenção as condições do contrato de consórcio para a quitação do financiamento.

Caso alguma dúvida apareça, não deixe de entrar em contato diretamente com a administradora para esclarecê-la e fechar o negócio com segurança.

Compre uma cota de consórcio

Isso significa que você fará parte de um grupo e participará dos sorteios, que ocorrem pelo menos uma vez por mês. Esse também é o momento de escolher o valor da carta de crédito e o prazo de pagamento.

Antes de comprar uma cota do consórcio, não se esqueça de providenciar os documentos pessoais requisitados pela administradora.

Aguarde a contemplação

A contemplação pode ser feita por sorteio ou lance, realizado mensalmente nas assembleias.

No primeiro caso, é preciso contar com a sorte. Em relação aos lances, você faz uma proposta de determinado valor e, se ela for a mais alta, você vence. Assim, sua contemplação é antecipada.

Quite o financiamento

Quando a contemplação ocorrer, o contrato de financiamento se encerra e o valor do bem é transferido para o consórcio. Com isso, basta continuar pagando as parcelas — bem menores que no financiamento — e desfrutar do bem que você adquiriu.

Quais são as vantagens dessa troca?

Ao fazer a troca da dívida do financiamento pela do consórcio, a principal vantagem é abandonar um débito caro e substitui-lo por um mais barato, afinal, você terá parcelas menores — sem encargos ou incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) — e deixará de pagar juros.

Isso acontece porque o consórcio não cobra juros, somente uma taxa administrativa — que é diluída ao longo de todo o período do contrato.

Se a carta de crédito contemplada tiver um valor mais alto que o saldo para quitação do financiamento, você pode usar parte do valor que sobrar para cobrir as despesas com a documentação exigida pela operação.

O pagamento total do financiamento também permite a concessão de descontos, já que os juros são recalculados devido à amortização. Isso contribui para a economia na aquisição do bem, pois, com o desconto proporcional dos juros, você poderá pagar menos ao final da operação.

Outras vantagens do consórcio são:

  • facilidade para ter o crédito aprovado e pegar o montante — isso melhora seu orçamento familiar e reduz o endividamento;
  • oportunidade de antecipar, quitar ou reduzir a quantidade de parcelas;
  • possibilidade de dividir o valor completo;
  • possibilidade de usar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) como lance para antecipar a contemplação — no caso de consórcio de imóveis.

Quais são os cuidados necessários?

Antes de fazer a troca da dívida, você deve se atentar a diversos pontos. Conhecer cada um deles evita que a sua quitação seja feita na hora errada. Além disso, garante a chance de encontrar a melhor oportunidade.

Confira, a seguir, os pontos básicos desse processo!

Verificar as condições de pagamento do contrato

Em relação ao financiamento, é preciso verificar as condições de pagamento que estão previstas em contrato. Lembre-se que a quitação está sendo feita à vista para a instituição financeira e, mesmo que não esteja expresso no contrato, seu direito de desconto está assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor. Solicite ao banco o demonstrativo de saldo devedor e a discriminação dos encargos e cálculos para o pagamento antecipado.

Em outras palavras, atentar-se a todas as condições de pagamento evita que a antecipação do fim do consórcio seja feita em condições menos vantajosas do que o esperado. Como consequência, a leitura das condições é crucial — ela permite que você alinhe expectativas e garanta que nenhum ponto crítico fique de fora.

Entender como funciona a renegociação de juros

A renegociação de juros é direito de todo consumidor, mas nem sempre ela é considerada quando falamos de projetos de longo prazo. Isso nos faz pagar valores muito maiores do que o possível.

Para fazer uma renegociação adequada, é fundamental compreender quais são as condições de renegociação. Isso permite que você faça uma proposta mais robusta e com mais chances de ser aceita. Além disso, facilita o planejamento de médio e longo prazo da sua vida financeira.

Avaliar o menor custo efetivo por operação

Toda operação financeira tem um custo efetivo. Ele é resultante das taxas administrativas, dos tributos, dos gastos com burocracias e de outros detalhes que, muitas vezes, são ignorados — isso é um erro, afinal, pode acabar levando você a aceitar uma ideia não muito boa.

Sempre faça a sua análise considerando o custo total, e não apenas o valor básico. Isso dá uma visão mais abrangente sobre tudo o que está em jogo, ou seja, facilita o rastreamento da melhor forma de quitar o seu financiamento com consórcio.

Averiguar prazos

Outra questão relevante é que o tempo de contemplação pode demorar. Caso você queira antecipar o recebimento da carta de crédito e pagar menos juros no financiamento, será necessário dar lances. Para isso, é importante traçar uma ótima estratégia, pois você aumenta as chances de uma contemplação e agiliza a quitação da dívida.

Planejar-se financeiramente

Também é fundamental atentar-se ao seu orçamento e fazer um bom planejamento financeiro, pois pode ser necessário pagar as prestações de financiamento e consórcio simultaneamente — pelo menos por um tempo.

O planejamento financeiro jamais deve ser ignorado, pois ele oferece mais segurança para buscar uma proposta atraente e minimiza riscos. Isso acontece porque você tem uma visão completa sobre tudo o que está envolvido no processo.

Avaliar o contrato detalhadamente

Por fim, compare o que você recebeu da instituição financeira ao que está em contrato e faça uma leitura atenta desse documento para ter certeza de que não haverá imprevistos. A avaliação do contrato pode ser feita ao lado de um especialista. Isso garante mais segurança na hora de tomar uma decisão e evita problemas causados pela incompreensão da linguagem jurídica.

O financiamento com consórcio é uma estratégia que tem sido adotada por muitas pessoas, pois facilita o acesso a bens de desejo com segurança e baixas taxas. Assim, pessoas podem fazer grandes projetos sem pagar além do esperado.

Para quitar um financiamento com consórcio, basta se planejar com cuidado e seguir todas as dicas e regras que você viu neste post. Se agir com atenção, é possível garantir o equilíbrio das suas contas e aproveitar uma opção com muito mais vantagens e benefícios para as suas finanças.

Agora que você já sabe como fazer a troca da dívida, aproveite para melhorar o seu orçamento quitando o financiamento com consórcio. Para isso, entre em contato conosco e confira como podemos ajudar a resolver os seus problemas!

6 Comentários

  1. Bom dia,
    como receber liberação da quitação do consórcio.
    Att.

    1. Bom dia Paulo, tudo bem? Você tem um consórcio e já quitou o mesmo? Não entendemos sua dúvida ;(

  2. Olá, tem como antecipar algumas prestações do consórcio com o cartão de crédito

    1. Boa tarde, Marcela! Tudo bem? Vai depender de administradora para administradora 😉

  3. Boa tarde!

    Dei lance e fui contemplado no Consórcio, porém vou pegar em dinheiro, tenho que quitar o Consórcio com parte do montante de Contemplação, esse saldo que devo pagar deveria ser com desconto correto?, pois já estarei liquidando. Os outros valores de Fundo de Reserva e Seguro devem ser devolvidos a mim proporcionalmente?

    Obrigado

    1. Boa tarde Ricardo, tudo bem? No consórcio não há desconto para pagamento de parcelas antecipadas, pois o que é cobrado é uma a taxa administrativa sobre o valor do seu crédito. Não há cobrança de juros, por isso não há desconto. Em relação ao fundo de reserva o mesmo será devolvido caso haja saldo proporcionalmente no encerramento do Grupo. 😉

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